quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Tomara Que Chova

Levantando-se da grama verde,
Apenas o céu acima de si,
Ela vê as sombras nas nuvens.
O brilho acima das sombras
Não é suficiente pra tornar o dia bonito,
Mas faz lembrar que o Sol está lá.

Nada mesmo?

Mais uma tarde de céu claro entre as árvores do campus. Mais um ano que se acabava e a sensação de vazio tomando conta. Ali, sentada sozinha, ela se questionava por que as coisas sempre davam errado. E essa sensação de vazio? Vazio mesmo? Ela tinha tanto e continuava tendo nada. Nada mesmo? Ela sabia que não era bem assim. Escolhas erradas foram feitas, ela tinha aberto mão de muita coisa e estava começando praticamente do zero. Finalmente algumas coisas estavam se firmando, talvez realmente desse certo esse sonho louco de não ter passado. O passado lhe fazia mal, e infelizmente não só o dela. Mas como explicar esse medo do que já morreu? Alguns fantasmas sempre tornam a assombrar. E aquele havia pulado do décimo andar direto à morte só pra atormentá-la. Não bastava dar errado, ela tinha que ser tratada como um nada. Aquele vazio doendo no peito não era dela. Não era ela que insistia em se fechar em si mesma e ouvir apenas ao passado. Ela havia seguido em frente como prometido. E agora sendo um nada, ela seguiria em frente sem olhar pra trás.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Indiferença

Algo estava errado. Pairava no ar uma sensação de estranheza. Os toques já não eram os mesmos, os olhares se desencontravam. Desinteresse. E eu fazendo sexo com um cadáver. Era preciso dizer algo antes que fosse tarde demais. Poucas palavras bastaram. A enxurrada de tudo o que eu mais temia ouvir veio, e foi devastando o que havia pela frente. Eu só sei ouvir calada, o cadáver agora sou eu. Eu devo responder... eu falo. E não sobra mais nada a que se prender. São dois cadáveres em uma imensidão de dor, desilusão, raiva... um turbilhão. Agora só te resta escolher entre jogar terra em cima ou segurar a minha mão.

Mais Açúcar Na Vida

É noite e sentado na beira de sua cama ele vê o quão ruim foi o dia. Acordou atrasado pro trabalho, o carro velho quase não pegou, o trânsito tava uma merda... Próximo à hora do almoço foi chamado à sala do chefe...
-- Você queria falar comigo, senhor?
-- Sim... e infelizmente vou ter que dispensá-lo do trabalho.
-- Nossa... mas o que houve?
-- Seus gráficos de venda estão caindo esponencialmente e não podemos nos dar ao luxo de mantê-lo num momento tão crítico para a empresa.
Ele sabia muito bem, não tava vendendo porra nenhuma e não tinha mais empolgação pra nada. Engraçado é ver que a estagiária nova, por mais que mal soubesse soletrar o nome da empresa, era mantida. Mas pra dar uma rapidinha com o chefe em cima da mesa do escritório ela servia.
Saiu correndo daquele lugar que só lhe dava asco. Tudo estava desmoronando, mas uma parte de sua vida ainda valia a pena. Ele tinha a ela. Chegou ao apartamento no começo da tarde, ia ficar por lá, esperando por ela. Estava aberto, estranho. As vozes, as roupas pelo chão, os gemidos...
Naquele momento ele entedeu porque o coração era associado a sentimentos. Doia muito, parecia que um buraco tinha sido aberto em seu peito. A namorada, nua, olhava assustada para ele, juntamente ao melhor amigo, companheiro de muitas conversas, cervejas e jogos. As pernas entrelaçadas onde antes as dele já estiveram. Foi direto para sua própria casa.
O dia passou enquanto ele permanecia ali, sentado na beira da cama, olhando pela janela. O que ele havia feito de tão errado pra ver sua vida tão desgraçada em um só maldito dia? A cabeça doia, as têmporas latejavam, ele precisava de um bom remédio. Um remédio que resolvesse tudo de uma vez.
A arma. Havia sido do pai dele em uma época em que um homem tinha o direito de se defender livremente. Ele precisava de defesa contra a vida. Pegou-a no fundo falso da gaveta do criado-mudo. Puxou o gatilho.
 Onde estavam as malditas balas? No fundo falso também, idiota. Carregou a arma. Bastava uma bala. A campanhia tocou. Que merda. Era a vizinha.
-- Oi, desculpe incomodar.
-- Ahh, que é isso... eu não tava fazendo nada de mais...
-- Pode me emprestar um pouco de açúcar?

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

As Flores da Estação

Entre prédios, longas avenidas, a vida passa,
E lá vai passando o meu amor.
O cinzento céu, hoje azul,
Irradia em sua pele o calor.
As flores da velha estação novamente preenchendo as calçadas.
Deixe o cinza com suas lámurias de lado,
Agora é azul, verde e pontos de cor pela calçada,
Enquanto meu amor por ali passa.
Deixe o cinza, fique entre as flores,
Mas não deixe o amor passar.

Aonde foi parar o 'pra sempre'?

Amores, sonhos, desilusões. Incrível como estão intercalados. Amamos, esperamos que seja pra sempre, e no fim quebramos a cara. É a 4ª Lei de Newton, só pode.
Quem nunca passou noites em claro planejando uma vida inteira com a pessoa amada, trabalhando com o que se gosta, morando onde se quer? A típica família perfeita e você no centro dela. Mas se já não foi assim para os seus pais, por que seria pra você?
A gente se apaixona por alguém que passa na rua e lhe sorri, pelo amigo que esteve sempre ali, pelo personagem genérico do livro ainda mais genérico, pelo músico que canta exatamente o que se passa com você e que parece te entender tão bem... às vezes rola, na maioria não.
E quando sim? E quando o amigo, aquele que enxugou tantas das suas lágrimas de um coração novamente partido, passa a ser o motivo dos novos sonhos, do novo 'pra sempre'? Das novas lágrimas. É um círculo vicioso. E lá vêm as velhas desilusões. Aquele que um dia te ergueu, agora te põe pra baixo. É a ironia da vida.
Amar e jurar a eternidade. Magoar-se e questionar: aonde foi parar o 'pra sempre'?

Accept Yourself

Todo dia você deveria dizer
"então, como me sinto em relação à minha vida?"
Qualquer coisa é difícil de encontrar
Enquanto você não abrir os seus olhos
Quando você vai se aceitar?

Eu sou doente, eu sou chato
E eu sou comum
Como eu adoraria me deixar ser levado
Mas os sonhos têm mania
De simplesmente não se realizarem
E o tempo está contra mim agora...

Todo dia você deveria dizer
"como eu me sinto em relação ao passado?"
Outros conquistaram o amor - mas eu fugi
Me sentei no meu quarto e fiz um plano
Mas os planos podem falhar
(e frequentemente eles falham)
E o tempo está contra mim agora

E não há mais ninguém para culpar
Me diga quando você vai
Quando você vai aceitar sua vida
(aquela que você odeia?)
Pois qualquer coisa é difícil de encontrar
Enquanto você não abrir os seus olhos

E não há ninguém além de você para culpar
Quando você vai se aceitar?
Quando?
Quando?
 
The Smiths